Sobre reencontros

Queridos leitores, janeiro foi um mês intenso para o Longe Daqui, Aqui Mesmo. Gigi percorreu as terras de nossos antepassados espanhóis, trabalhamos em novos projetos para 2019 e para os próximos anos e, o mais importante de tudo, janeiro foi o mês do reencontro histórico do Longe Daqui, Aqui Mesmo em Varsóvia, no auge do inverno polonês.

Antes de Gigi aterrissar em Varsóvia, enquanto estávamos a caminho do aeroporto, pensei no quanto a vida é capaz de nos surpreender. Gigi e eu estivemos juntas na Polônia em 2007. Foi uma viagem inesperada e avassaladora. Mas naquele momento nunca achamos que iríamos nos encontrar juntas aqui novamente. A vida tem seus caminhos misteriosos.

Essa viagem de 2007 era uma viagem que nossos avós sonhavam em fazer para conhecer a terra em que viveram seus pais e avós. Vovô ficou doente pouco antes da data planejada e sem condições físicas para fazer a viagem. Gigi e eu embarcamos em seu lugar. Queríamos registrar cada momento desse encontro com a terra dos nossos antepassados, por isso fizemos um diário de nossa viagem com o qual presenteamos nosso avô quando retornamos.

E agora talvez vocês estejam se perguntando por que estou contando sobre essa viagem antiga. O fato é que às vezes a gente só percebe muito tempo depois o impacto que uma escolha pequena e despretensiosa pode ter em nossa vida. Foi depois dessa primeira viagem em 2007 que senti o desejo de começar a estudar polonês em Curitiba (apenas como hobby). Foi numa aula de polonês que soube de bolsas de estudo para fazer uma pós-graduação na Polônia. De volta à Polônia em 2014 para estudar, conheci aquele que seria meu futuro marido. Nenhum desses acontecimentos foi planejado e, no entanto, mudaram o rumo da minha vida.

É como Gigi escreveu nest post sobre o Efeito Borboleta e sobre a hipótese de que o sutil bater de asas de uma pequena borboleta pode ocasionar tufões e tsunamis do outro lado do mundo. Assim é com a nossa vida, pequenas escolhas em instantes decisivos que podem causar grandes repercussões e transformações avassaladoras e inesperadas.

É por isso que nosso encontro em janeiro foi tão importante, pois foi quando Gigi veio nos visitar pela primeira vez após a minha mudança para a Polônia. Estava ansiosa para mostrar a ela a cidade, meus trajetos e cafés favoritos. A chegada de Gigi e mamã não poderia ter sido mais especial – saudada pela neve. Janeiro é geralmente o mês mais frio do ano e, apesar das baixas temperaturas, a paisagem branca tem a sua magia – o ruído silencioso com que a neve cai, como se o tempo passasse um pouquinho mais devagar.

No entanto, o inverno também tem seus contratempos. Entre eles, as longas caminhadas ao ar livre ficam um pouco restritas. Ainda assim, percorremos a cidade velha reconstruída, iluminada ainda pelas luzes de Natal. Passamos pela estátua de Marie Curie e da sereia guardiã de Varsóvia. Tomamos chá nos porões da cidade velha, visitamos o coração de Chopin e o Museu do Levante de Varsóvia.

Nas próximas semanas vamos compartilhar um pouco mais de tudo que vivenciamos, visitamos e conhecemos nesse mês de janeiro. Acreditamos cada vez mais que viajar é mais do que se deslocar para um lugar novo. É transformar distâncias em reencontros, é se redescobrir, é abrir os olhos, mudar nosso ponto de vista. É sobre confiar na sabedoria da vida e se permitir ir além, se permitir viver coisas que nunca imaginávamos que iríamos viver.

Desejamos a todos os nossos leitores um ano repleto de todos os tipos de viagem, um ano de reencontros e presença, coragem e ousadia para seguir atrás dos sonhos. Um ano com menos tempo ao celular e mais histórias para contar, mais versos para preencher o livro da vida. Qual o seu grande sonho para 2019?