Uma jornada para o Oriente

No último final de semana, decidi me aventurar por uma área que tem me atraído cada vez mais: o mundo dos chás. Participei de um workshop de chás verdes japoneses. Foi um sábado bastante pitoresco. Viajei para Curitiba, capital do Paraná, e almocei no Mercado Municipal, que fica em frente à estação rodoviária. Esse é um lugar onde podemos encontrar chás de diversos países, cafés deliciosos e outras guloseimas.

Após o almoço, fui caminhando até o local da atividade, que foi realizada na escola Centro Ásia. No percurso, senti-me caminhando pelo próprio Japão, mesmo estando em uma cidade do sul do Brasil. As belas cerejeiras em flor, ou sakuras em japonês, me acompanharam por todo o trajeto. Elas me sussurravam que o dia seria extraordinário. E estavam certas.

Cheguei ao destino. O Centro Ásia é um lugar aconchegante, que oferece aulas e atividades referentes às culturas japonesa, chinesa e coreana, como aulas de mandarim, coreano e japonês, aulas de Tai Chi Chuan e curso de desenho estilo Mangá. Eles também fazem um trabalho incrível com origamis – a arte tradicional e secular japonesa de dobraduras em papel, criando representação de objetos e personagens. O Yoda e os dragões em origami são impressionantes, incríveis em sua beleza e complexidade.

Matchá: o chá utilizado na cerimônia do chá. De acordo com O livro do chá, de Linda Gaylard, os samurais consumiam a bebida para se preparar para as batalhas no Japão Medieval. * Matchá: the tea used in the tea ceremony. According to Linda Gaylard’s The Tea Book, the samurai consumed the drink to prepare themselves for the battles in Medieval Japan.

O workshop iniciou com a apresentação de um grupo pequeno, aproximadamente 10 pessoas. Alguns já iniciados no mundo dos chás, outros iniciantes e curiosos, como eu, que buscavam mais conhecimento sobre essa bebida milenar. Foi uma tarde muito agradável. Desbravamos com o professor Vinícius a história do chá no Japão, como ele é processado e também degustamos alguns tipos de chás japoneses. Os sabores foram surpreendentes, do suave ao adstringente, do tostado e salgado ao umami (palavra japonesa que designa um dos cinco gostos do paladar humano). Nunca imaginei que dos chás se poderia extrair tanta complexidade de sabores, foi realmente incrível!

Muitos amigos da adolescência provavelmente se recordam de uma jovem Gigi que bebia compulsivamente xícaras e mais xícaras de café e se perguntam agora: “Mas chá, Giovana? Enlouqueceu?” Por motivos de saúde e uma crise pesada de gastrite, há quatro anos precisei mudar meus hábitos e buscar alternativas para a substituição do café. Eu mal sabia que essa seria uma das melhores decisões de minha vida. O chá é essa bebida quentinha que te abraça, sacia e diz que tudo vai ficar bem em um dia frio de inverno.

Chá: um abraço quentinho nas noites frias * Tea: a warm hug on cold nights

Comecei a me interessar cada vez mais pela cultura do chá. No início minha animação se restringia a comprar produtos de diferentes países, impressionando-me com marcas inglesas, sendo um país reconhecido pelo seu alto consumo da bebida. Mas a curiosidade me fez ir além. Passei a comprar livros sobre o tema e participar de atividades, como o workshop.

Descobri que muito antes dos ingleses, os japoneses e chineses vinham consumindo a bebida. Encantei-me pela cerimônia do chá, um ritual que mistura poesia, cultura e tradição. Estou ansiosa para ter essa experiência! O livro do chá, de Okakura, também me mostrou que o “chaísmo”, influenciado pelo taoísmo e pelo zen, é muito mais do que consumir uma bebida. Trata-se de uma filosofia de vida: encarar a grandeza da vida nas sutilezas e nos momentos ordinários do cotidiano, como no ato de preparar e beber uma xícara de chá.

Que tal realizar uma pausa na rotina e preparar uma xícara de chá? * How about taking a break from the routine and making a cup of tea?

Sinto que esse é o início de uma jornada que há passos lentos me leva em direção ao Oriente. E aonde será que esse caminho vai dar? A resposta eu ainda não tenho, só a Gigi do futuro sabe. Apenas posso dizer que estou pronta para abraçar essa aventura.

Para quem se interessou pelo mundo dos chás e a cultura oriental, indico dois livros:
O livro do chá, de Kakuzo Okakura
O livro do chá, de Linda Gaylard

Gigi Eco

Chá e Proust: sutilezas da rotina * Tea and Proust: subtleties of routine

 

A Journey to the East

 

Last weekend, I decided to venture into an area that has attracted me more and more: the world of teas. I did my registration at a Japanese green tea workshop. It was a very picturesque Saturday. I traveled to Curitiba, the capital of Paraná, and had lunch at the Municipal Market, which is in front of the bus station. This is a place where we can find teas from different countries, delicious coffees and other goodies.

After lunch, I walked to the activity site, which was held at the Centro Ásia school. On the way, I felt myself walking through Japan, even though I was in a city in the south of Brazil. The cherry blossoms, or Japanese sakuras, accompanied me all the way. They whispered to me that the day would be extraordinary. And they were right.

I reached the destination. Centro Ásia is a cozy place, offering classes and activities related to Japanese, Chinese and Korean cultures, such as Mandarin, Korean and Japanese classes, Tai Chi Chuan classes and a Manga style drawing course. They also do an incredible job with origami – the traditional and secular Japanese art of folding on paper, creating representation of objects and characters. Yoda and the origami dragons are incredible in their beauty and complexity.

The workshop started with the presentation of a small group, approximately 10 people. Some already started in the world of teas, other beginners and curious, like me, who sought more knowledge about this millennial drink. It was a very pleasant afternoon. Along with teacher Vinícius we saw the history of tea in Japan, how it is processed and we also tasted some types of Japanese tea. The tastes were surprising, from mild to astringent, from toasted and salty to umami (Japanese word for one of the five tastes of the human palate). I never imagined that tea could extract so much complexity in taste, it was truly amazing!

Many teenage friends are probably reminded of a young Gigi who compulsively drank cups and more cups of coffee and then now asked: “But tea, Giovana? Are you insane”? For reasons of health and a heavy crisis of gastritis, four years ago I had to change my habits and look for alternatives for the replacement of coffee. I barely knew this would be one of the best decisions of my life. Tea is this warm drink that hugs you and says that everything will be fine on a cold winter day.

I became more and more interested in the tea culture. At first my animation was restricted to buying products from different countries, impressed by the English brands, because England is a country recognized for its high consumption of the drink. But curiosity kept me going. I started to buy books on the subject and participate in activities such as the workshop.

I discovered that long before the English, the Japanese and Chinese were consuming tea. I was enchanted by the tea ceremony, a ritual that mixes poetry, culture and tradition. I look forward to having this experience! Okakura’s tea book also showed me that “chaism”, influenced by Taoism and Zen, is much more than consuming a drink. It is a philosophy of life: to face the grandeur of life in the subtleties and ordinary moments of daily life, as in the act of preparing and drinking a cup of tea.

I feel that this is the beginning of a journey that there are at slow steps leading me towards the East. And where will this path go at the end? The answer I still do not have, only Gigi of the future knows. I can only say that I am ready to embrace this adventure.

For those interested in the world of teas, there are some interesting books:
The Book of Tea, by Kakuzo Okakura
The Tea Book, by Linda Gaylard

Gigi Eco

Share:
Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.