Minimalismo (ou a simplicidade contemporânea)

O termo minimalismo surgiu inicialmente como um movimento ligado às artes plásticas. Seus artistas criaram obras marcadas pela ausência de ornamentos, trabalhando com cores, luz e elementos modulares produzidos em série. O conceito se expandiu para outras áreas, como a música e a arquitetura, sendo na primeira marcado pela repetição e na segunda pelo despojamento e austeridade, mas com um olhar apurado aos detalhes.

A famosa frase “menos é mais” é do arquiteto Mies van der Rohe, criador de edifícios icônicos, nos quais podem ser observados detalhes primorosos – poucos elementos e materiais, mas com um elevado requinte de intenção projetual. Menos conhecida, mas igualmente importante é também de Mies van der Rohe a frase “Deus está nos detalhes”, que nos lembra de voltar nossos olhos para aquilo que é essencial.

Hoje fala-se muito sobre o minimalismo como um estilo de vida, especialmente no que se refere à nossa relação aos bens materiais. Seus seguidores buscam manter apenas o necessário em suas vidas, retirando dela tudo aquilo que é supérfluo. Mas, na verdade, acho que hoje o minimalismo nada mais é que uma forma descolada de chamar um movimento crescente pela busca da simplicidade. Busca que para alguns pode ser traduzida como ter menos coisas, para outros pode estar mais ligada à escolha das experiências e pessoas a que dedicam o seu tempo.

Quase sempre carregamos mais do que precisamos. Quem passou por uma mudança, sabe que não é fácil colocar todos os objetos de uma vida em caixas. Mas quando falamos sobre peso, ele não se refere apenas aos bens de consumo. Muitas vezes carregamos hábitos, pessoas, atividades de que não precisamos e que não nos fazem bem. O fato é que às vezes estamos tão habituados que não percebemos o quanto eles pesam. No entanto, acho que todo mundo já passou por aquela sensação de alívio e leveza ao se desapegar de hábitos negativos, ao dizer não a um colega vampiro ou fazer uma faxina no armário.

Nós acreditamos que a simplicidade é um valor inestimável na modernidade líquida em que vivemos. Em uma época em que nosso tempo e a nossa atenção são disputados a todo instante pelas grandes marcas e pelas mídias sociais, a prática da simplicidade nos ajuda a focar naquilo que é essencial, naquilo que é mais importante para a nossa vida. Alguns questionamentos podem nos ajudar a refletir sobre isso: O que estou inserindo/trazendo para minha vida? Esses objetos, comportamentos, pessoas me farão bem neste momento?

Uma forma de ver a simplicidade é como um filtro: selecionamos apenas aquilo que verdadeiramente importa e deixamos todo o resto passar. Você também busca a simplicidade no seu dia-a-dia? Quais estratégias você usa para praticá-la?

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Written by Ca Amatti
Ca Amatti é arquiteta restauradora, apaixonada pelos edifícios antigos, por viagens e artes gráficas. Tem saudades do futuro, mas ama os vestígios do tempo no mundo. Atualmente reside em Varsóvia, protegendo velhos palácios e monumentos dos efeitos devastadores do tempo e do esquecimento.