Com o objetivo de curtir ao máximo nossa estada na cidade e sabendo que não conseguiríamos ver tudo o que a gente queria, tínhamos em mente que em uma viagem sempre precisamos deixar cantinhos inexplorados para novas visitas. Se é que um dia a gente consegue de fato conhecer uma cidade por completo! Como seres pulsantes, em constante transformação, as cidades sempre têm mistérios, lugares e histórias para nos surpreender ao longo das décadas. Tendo como lema a frase de Pierre Assouline – “Uma vida é como uma cidade: para conhecê-la, é preciso se perder nela.” -, mergulhamos nos mistérios e encantos de Barcelona, que é a capital da comunidade autônoma da Catalunha e a segunda maior cidade da Espanha.
Começamos explorando logo cedo as cercanias da Plaza Espanya e o Parc de Montjuïc. Passamos pelas instalações olímpicas e observamos o mar e a cidade no Mirador de l’Alcalde. Que linda Barcelona junto ao mar e a Basílica da Sagrada Família ao longe, guardando a cidade! Ali nos contaram que os barceloneses são conhecidos por sua serenidade, pois vivem junto ao mar e a sua poesia.
Naquele momento, contaram-nos pela primeira vez sobre o arquiteto modernista Antoni Gaudí, que costumava refletir sobre seus projetos enquanto caminhava pelos bosques de Montjuïc. “Tudo se origina do grande livro da natureza”, disse o arquiteto, que costumava se inspirar nas árvores, nas ondas do mar e em todos os seres vivos para desenvolver seus projetos. Foi realizando a medição da montanha que ele pode corrigir a altura do seu projeto de vida – a Sagrada Família – para ser a construção mais alta de Barcelona. É assegurado pela legislação que nenhum edifício pode ser mais alto do que a Basílica.
Continuamos o passeio, visitando alguns belos lugares da cidade, como o monumento a Colombo e a Praça de Catalunha. Fomos ao Arc de Triomf e nos impressionamos com essa homenagem da cidade aos viajantes de todos os cantos do mundo que vieram à Barcelona por ocasião da Exposição Universal de 1888. Com 30 metros de altura e feito em estilo modernista pelo arquiteto Josep Vilaseca i Casanovas, foi desenhado para ser a porta de entrada para a Exposição. É de uma beleza impressionante um monumento que não homenageia guerras, políticos e aristocratas, mas sim o conhecimento e sua capacidade de conectar pessoas e de transformar o mundo.
Em seguida, fomos visitar o templo que fez eu me apaixonar perdidamente por Barcelona: a Basílica da Sagrada Família, o projeto de vida do arquiteto Antoni Gaudí. Essa obra-prima da arquitetura modernista catalã teve seu projeto iniciado em 1882 e se estima que sua conclusão será realizada em 2026, ano do centenário de morte de Gaudí. Visitar o Templo Expiatório da Sagrada Família foi uma experiência avassaladora e um momento de reencontro com minha religião. Não irei me deter em mais detalhes sobre essa visita, pois esse assunto merece um texto especial, que será publicado em breve no blog.
Logo após esse passeio avassalador de reencontro comigo mesma, realizamos um delicioso almoço, com um cardápio que só de lembrar já me faz ter saudades de Barcelona: azeitonas, jamón, salada e vinho. Caminhamos pelo centro. Admiramos outras belas obras de Gaudí: a Casa Batló e a Casa Milà. Visitamos a maior livraria especializada em viagens da Europa: a livraria Altaïr. Esse é um lugar que merece uma parada para os viajantes e amantes da literatura. Todo decorado com mapas e globos da Terra, o espaço é dividido por continentes e países, onde você pode encontrar guias de viagem, relatos de viajantes, cadernetas e mapas dos lugares mais recônditos do mundo. Há também um café bastante charmoso no local.
Depois dessa parada obrigatória, nos encaminhamos para o Bairro Gótico. Tínhamos um plano bastante definido: caminhar sem rumo pelas charmosas ruelas estreitas e se perder por ali. Realizar esse passeio nos trouxe a nítida sensação de que fizemos uma viagem no tempo. Tenho certeza de que poderia passar um dia inteirinho percorrendo esses caminhos misteriosos. Visitamos a bela Catedral de Santa Cruz e da Santa Eulália, de estilo gótico e com suas gárgulas, construída entre os séculos XIII e XV. Caminhamos pela Carrer Del Bisbe, admirando sua bela ponte neogótica, famoso cartão-postal da cidade. Já era hora da janta, então caminhamos um pouco pelas Las Ramblas e chegamos no Mercat de La Boqueria, onde deliciosas comidinhas esperavam por nós: espetinhos, frutas, sucos e tapas das mais diversas.
Estávamos em cima da hora para pegar o metrô e correr para assistir o espetáculo de A fonte mágica. Eram os últimos dias de funcionamento antes da fonte fechar para manutenção no inverno. Foi impressionante acompanhar os ritmos da água e suas luzes e cores. Fica a dica: não se aproximem da fonte se não quiserem tomar um banho de água fria (especialmente no inverno) e ter a sensação de que um tsunami se aproxima de vocês. Foi um ótimo desfecho para uma primeira visita a essa cidade mágica, que é cosmopolita, mas também antiga e, antes de mais nada, que está sempre aberta ao novo.
Eu sei que vou voltar, Barcelona! Quero explorar mais suas ruelas estreitas, sem rumo. Quando será que nos encontramos de volta?
PS: Aguardem as cenas dos próximos capítulos dessa aventura. Iremos explorar juntos a Sagrada Família de Gaudí! 😉