Tangos, espionagem e uma emocionante partida de xadrez

Sabem quando um livro te chama na livraria? Pra mim acontece assim… o livro grita: “Ei, estou aqui. Leia-me”!! hahah
Não foi diferente com O tango da velha guarda, do espanhol Arturo Pérez-Reverte. O que primeiro me chamou a atenção foi a capa. Misteriosa e em preto e branco. Uma mulher mexe em um baú. Pérolas e uma máquina fotográfica antiga. Um cheiro de memória. Recordações empoeiradas. Ou soterradas.
(A imagem da capa é de Grace Kelly, no Hotel Carlton, no festival de cinema de Cannes em 1955)
Mas o que decididamente me fez comprar o livro foi uma pequena sinopse que li no jornal. Era um resumo muito eficiente. Uma história de amor em três atos. Ato 1 – Um navio ruma para Buenos Aires em 1928. Uma aposta de músicos. Um casal dança um tango que ainda não foi composto. Ato 2 – Espionagem em meio a Guerra Civil Espanhola. Nice, 1937. O mundo sente a aproximação da Segunda Grande Guerra. Ato 3 – Uma emocionante partida de xadrez. Rússia. Roubos. Reencontros. Sorrento, 1960.
Como resistir a tal trama? A história de Pérez-Reverte é emocionante. Devastadora. Antes de iniciar a história, o autor espanhol apresenta essa frase de Joseph Conrad, de Dentro das marés: “Uma mulher como você e um homem como eu não se esbarram muitas vezes na face da Terra”. E você acaba se perguntando… ainda existem hoje grandes histórias de amor como essa?
A bela Mecha Inzuza acompanha seu marido, o grande compositor Armando de Troeye, em um navio que rumo para Buenos Aires. O músico fez uma aposta com o grande compositor Maurice Ravel. Esse disse que comporia um bolero. De Troeye propõe uma pequena disputa – se Ravel pode compor um bolero, ele  vai escrever um tango. Quem criar a melhor música, paga um jantar ao outro.
É Max Costa, o dançarino mundano, que mostra ao casal o verdadeiro tango portenho. Uma música mais veloz, tocada pelos músicos da Velha Guarda. Esses instrumentistas não leem partituras e improvisam canções que falam do cotidiano do submundo em Buenos Aires. Mecha e Max iniciam sua história. Um relacionamento embalado a tangos e cigarros.
A história continua em Nice. Espionagem e reencontros em meio a Guerra Civil Espanhola. Depois ela retorna em Sorrento, Itália. Uma emocionante partida de xadrez é o pano de fundo para grandes revelações. Nostalgia. Os meninos da Velha Guarda que se perderam. E um tango que permanece vivo. E imortaliza o passado.   
Share:
Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.