Luto universal

Estava na grama”,

me disseram.

A poucos centímetros

de mim

ele se encontrava.

Agora,

na morte,

estranhamente

imóvel.

O mundo sangra

quando um beija-flor

morre.

Tão pequeno,

tão delicado.

Parado

para sempre

rumo ao eterno.

Logo fará

parte da terra.

Será adubo

para outras vidas.

Que intempéries

culminaram

no seu fim?

Hoje a Terra

chora por ti,

Colibri.

Tuas asas

tão ágeis

agora repousam

para sempre.

Quem irá

buscar o néctar

das flores?

Quem irá

nos fazer suspirar

e admirar a beleza

do cotidiano?

Uma vida é

um amanhecer

de verão,

o florescer

na primavera,

aquele momento

extraordinário

em que abrimos

os olhos

para o mundo.

Uma vida

nada mais é

do que um instante

que acontece

na velocidade

do seu bater de asas,

Colibri.

É o instante passageiro

mais precioso

de todos.

Hoje a Terra

silencia

em tua homenagem

e o mundo

não será mais o mesmo

sem tua doçura,

Colibri.

Share:
Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.