Juventude sem prazo de validade

“O que você exprime nos olhos? Parece mais que todas as palavras que li na vida”. (Walt Whitman)

Vovô David completou 80 anos. É curioso, mas se me perguntarem quem é a pessoa mais jovem que eu conheço, tenho a reposta na ponta da língua – é o aniversariante! Vovô tem uma energia inesgotável. “É ligado no 220”, como diria a minha mãe.

Como podemos medir a juventude das pessoas? A idade pode ser uma forma, mas acredito que seja a menos confiável. Alguns estudos também apontam que a juventude pode ser medida a partir da avaliação dos hábitos e do modo de vida do indivíduo: se fuma, se pratica exercícios físicos, se realiza uma alimentação saudável…

Eu acho esses métodos um tanto objetivos e engessados demais para mensurar a juventude. Essa reflete muito mais de nosso espírito e de como enxergamos a vida – fatores bastante subjetivos para uma avaliação meticulosa.

Talvez a forma mais verdadeira e infalível de medir a juventude seja o olhar. “Os olhos são a janela da alma”, já disse Leonardo da Vinci. A juventude seria então aquele brilho nos olhos, aquele fogo que permanece ao longo dos anos, sobrevivendo a todas as intempéries.

A juventude é aquela chama que jamais apaga, que nos impulsiona a se surpreender com os pequenos acontecimentos do cotidiano. É como enxergar o mundo com os olhos de uma criança e estar sempre aberto a vislumbrar o extraordinário. Com a correria dos dias, a gente esquece de agradecer pelos milagres. Abrir os olhos pela manhã é um milagre diário.

A juventude não nos deixa se acomodar com a rotina.

E quando penso nesses olhos cheios de fogo, característica tão típica da juventude, lembro-me do vovô David. Um homem que faz mil coisas ao mesmo tempo. Que não deixa nada para depois. Que realiza seus sonhos. Diariamente. Que pesquisou a história da família em cada cantinho do mundo.

Como disse Virgílio: “A sorte favorece os destemidos”, favorece aqueles que abraçam a vida com paixão e aproveitam cada segundo. Cada momento.

Eu só tenho a agradecer por comemorar essa data tão importante, por esse vô que inspira minha vida e me ensinou tanta coisa. Parabéns, vovô!

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Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.