Fim de semestre

Uma sala de aula silenciosa parece errada. Vocês já pensaram nisso? Durante todo o ano me encontrei muitas vezes estressada com a balbúrdia e confusão que permeiam as aulas de um curso em Jornalismo. E, além disso, o professor disputa constantemente a atenção dos alunos com o celular e seus infinitos atrativos.
Mas hoje foi um dia curioso. Com o fim do semestre e a prova bimestral já realizada, avisei a classe de que não teria aula normal, mas estaria disponível no horário semanal da disciplina para entregar as provas corrigidas, discutir a avaliação dos trabalhos e tirar dúvidas de quem prestará o exame final. Quarenta minutos já se passaram e até agora nenhuma viva alma apareceu. O tédio e o silêncio incomodativo de uma sala de aula deserta me fizeram começar a escrever essa crônica.
Repentinamente senti falta das confusões, das conversas, das risadas. Finais de ano e de semestre sempre me deixam assim, um pouco triste. É quando eu paro para pensar o quanto sinto falta da escola quando não estou lá. Esses lugares são como templos, praticamente sagrados. São lugares em que desenvolvi paixões. Aprendi com grandes mestres (e com pequenos também). Desesperei-me como nunca antes. Vibrei. Fiz amigos para a vida toda. Deixei lá um pouquinho de mim, muito suor e sangue. Trouxe comigo experiências inestimáveis. Tornei-me mais forte.
Quando eu falo em escola, considero todo tipo de escola que existe: primária, fundamental, universidade, idiomas, música, dança, gastronomia…
A escola é onde a gente descobre muito sobre nós mesmos e sobre a vida. É onde a gente cria. É onde a gente é feliz, mesmo quando não percebe.

Por isso, quando falam que a escola vai acabar e que no futuro vamos aprender tudo sozinhos pelo internet, eu não acredito. Quantos de nós teriam a disciplina e persistência necessárias?
Uma hora se passou e nenhum aluno apareceu. Devem estar comemorando as férias. Ou aproveitando esse tempo para descansar. Talvez alguns estejam estudando (um professor nunca perde a esperança!). E eu continuo nesse silêncio da sala de aula deserta.
Sinistro. Tomara que não apareça nenhum fantasma.
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Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.