Fantasmas

Eu sempre andei com o meu coração desencontrado. Como se ele estivesse perdido ou como se tivesse escapado. Eu sempre me preocupei por não ter um plano. Nunca consegui organizar minha vida dessa forma, onde minhas ações se encaminham de forma encadeada, com o propósito de atingir um objetivo maior. Acho que é porque sempre andei com um pezinho nas nuvens e um pezinho no chão. Acho que é porque meu coração sempre pôde sonhar alto. Livre. E acho que meu sofrimento vem da compreensão de que é mais difícil o coração sonhar alto quando a gente cresce. Tudo vai se complicando. Nos tornamos seres complexos e medrosos. Assustadiços. Que pensam em todas as consequências antes de realizar algo. E nesse meio tempo, a vozinha do coração vai sumindo, se apagando. E a gente vai morrendo junto por dentro. Viramos um fantasma de nossos próprios sonhos.
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Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.