cinquenta e dois milhões, quinhentos e sessenta mil

segundos,

nossa vida é definida por esse ritmar incessante

da areia do tempo.

se um segundo é o suficiente

para fazer  a gente se apaixonar,

o que dizer de um legado

legendário,

que influencia o mundo

por tanto tempo?

como ideias sobrevivem

a tantas críticas e intempéries

por um dia ou uma semana

ou por toda a eternidade?

bauhaus ontem

trouxe um novo olhar

para o mundo.

weimar, abril de 1919.

gropius e seu manifesto

não imaginavam que em

cem anos

ou trinta e seis mil e quinhentos dias

ou oitocentos e setenta e seis mil horas

ou cinquenta e dois milhões, quinhentos e sessenta mil

segundos

o mundo não seria mais o mesmo

por causa da ousadia

de uma escola artística.

bauhaus ontem.

weimar, abril de 1919.

gropius e seu manifesto

acreditavam que

é preciso

pensar diferente.

vislumbrar

outra modernidade

dentro da modernidade.

integrar as artes,

construir, simplificar, economizar.

não temos tempo.

tudo desmorona em poucos

segundos.

a arte vai salvar a vida,

amenizar as dores cotidianas

ao unir

forma e função.

bauhaus hoje.

brasil, abril de 2019.

ainda é preciso

pensar diferente.

vislumbrar

outra contemporaneidade

dentro da contemporaneidade.

integrar o mundo,

construir, simplificar, economizar.

não temos tempo

para maiúsculas

e heróis e egolatria.

além da influência

em tantas áreas do conhecimento

– artes, arquitetura, design, educação –

bauhaus mostrou que

o mundo e os problemas

pedem uma nova forma de

olhar.

são aqueles

segundos

em que você enxerga tudo

de cabeça para baixo

que rompem com a normalidade.

cem anos passam

e o mundo

não é mais o mesmo,

mas ainda assim

é tão igual.

não temos tempo.

tudo desmorona em poucos

segundos.

bauhaus nos ensinou

a importância da ruptura.

é preciso

pensar diferente.

encontrar

outro mundo

dentro do mundo,

outra humanidade

dentro da humanidade.

mais unida

mais simples

mais humana.

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Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.