A lenda de Verona

Esqueça Shakespeare por um instante. O conto de Romeu e Julieta é muito mais antigo. Essa foi minha descoberta ao ler o livro Cartas para Julieta, de Lise Friedman e Ceil Friedman. As autoras contam que Masuccio Salernitano apresentou a tragédia dos dois amantes em Cinquenta Novelle, em 1476. Entretanto, foi Luigi da Porto que transportou a história para as ruelas de Verona, em 1530. Shakespeare imortalizou o conto, que foi escrito entre 1594 e 1595.

O que é mais intrigante sobre as lendas é que nunca se sabe o quanto é ficção… e o que de verdade permanece. As famílias Dal Cappello e Montéquio residiram de fato em Verona. Segundo as irmãs Friedman, no livro Istoria della Città di Verona, de Girolamo dalla Corte, aparece a descrição do túmulo herege presente na cripta da capela dos Frades Menores Franciscanos. A tumba enfrentou a Segunda Guerra Mundial, com a função de estação de controle de rádio. Com o filme Romeu e Julieta, de George Cukor (1936), o governo de Verona notou o potencial turístico da tumba de Julieta e dos demais locais associados à lenda. Ettore Solimani passou a administrar a cripta e modificar o cenário, a fim de parecer mais cinematográfico.

A cidade de Verona respira a lenda do casal. É possível conhecer a casa da família Capuleto (e da heroína Julieta), dos Montéquio e a tumba de Julieta. O que levou as irmãs Friedman a pesquisar sobre Julieta e seu Romeu? A viajar até Verona, procurar documentos e fotos antigas? Um fato curioso: milhares de cartas chegam até Verona todos os anos – são correspondências de todos os cantos do mundo. O destino: Julieta, Verona. Todas tratam do mesmo assunto: o amor. Os correspondentes buscam conselhos, sugestões e palavras da grande heroína, Julieta Capuleto. Nenhuma carta fica sem resposta. Há mais de setenta anos voluntários mantêm viva a lenda de Julieta e respondem a todas as correspondências. A atividade iniciou com poucas pessoas, que muitas vezes respondiam as cartas no período de folga do trabalho. Hoje o Club di Giulietta cuida das correspondências. O grupo de voluntários responde as cartas de diversos idiomas.

Sacada da casa de Julieta (ela não fazia parte da casa original, foi colocada por causa do conto, da lenda e do “clima cinematográfico”)

Para mais informações sobre o Clube de Julieta, visite o site do grupo: http://www.julietclub.com/
Para encontrar o livro das irmãs Friedman: Cartas para Julieta,  de Lise Friedman e Ceil Friedman. Editora Iseoman.
Sugestão: Cartas para Julieta – filme que se passa em Verona. A história é sobre o amor, Julieta, as cartas, o Clube de Julieta. Imperdível!
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Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.