Kolbuszowa: um museu a céu aberto

Na Polônia, além das famosas cidades turísticas como Varsóvia, Cracóvia e Gdańsk, existem inúmeros lugares pitorescos e encantadores na área rural. Alguns deles são os chamados skansen ou “museus a céu aberto”. Esses museus têm como objetivo preservar a arquitetura e a cultura tradicional de uma determinada região. A maior parte dos edifícios preservados é em madeira, justamente por serem aqueles mais vulneráveis à ação do tempo e às transformações impostas pelos novos estilos de vida da sociedade.

Esses museus são muitas vezes chamados também de “parques etnográficos”, pois além de preservarem os edifícios, junto com eles são mantidos também os móveis, equipamentos, ferramentas e objetos domésticos, elementos decorativos, trajes típicos e outros elementos folclóricos que mostram como era a vida no campo antigamente. A palavra skansen é de origem sueca. O termo é o nome de um dos primeiros museus a céu aberto no mundo, o parque Skansen, criado em 1891 por Artur Hazelius na ilha Djurgården em Estocolmo. Esse parque contém cerca de 150 exemplares de arquitetura rural em madeira trazidos de toda a Suécia, que revelam como era a vida nas aldeias agrícolas e também nas nobres residências.

No início do mês tive o prazer de visitar com meus sogros um desses skansen, o parque etnográfico do Muzeum Kultury Ludowej w Kolbuszowej (Museu da Cultura Popular em Kolbuszowa). Caminhando pelo parque é possível perceber um estilo de vida já desaparecido, que remete à alma e ao ritmo da vida camponesa da virada do século XIX para o século XX. O museu conta com cerca de 80 objetos arquitetônicos, entre eles residências, armazéns, abrigo para os animais, moinhos e até mesmo uma igreja.

Cada edifício foi desmontado no seu local original, passando por um trabalho de conservação e restauração, e montado novamente peça por peça no parque. As construções foram dispostas no terreno seguindo a sua organização original e em um ambiente parecido com aquele de onde elas vieram. Podemos observar não só os edifícios e sua ambientação interna, mas também os jardins e hortas delimitados por cercas de madeira, bem como o local onde dormiam os animais.

Na medida do possível, o parque é um museu vivo. Em algumas áreas, podemos ver a criação de animais, como galinhas d’angola e patos. Em outras, artesãos expõem seus trabalhos. O museu tem toda uma mostra sobre brinquedos antigos feitos de madeira. No prédio da escola, cozinheiras preparam receitas tradicionais usando os temperos da horta. E durante o verão há sempre eventos culturais nos fins de semana. No dia da nossa visita havia uma mostra e competição de cavalos.

O parque está situado na cidade de Kolbuszowa (a distância até Cracóvia é de cerca de 160km). O parque é aberto o ano todo, mas por experiência própria recomendo fazer a visita durante o verão. Vá com tempo, para caminhar sem pressa pelo parque, entrar nos prédios antigos, tirar a água do poço, ir a pé até a igreja. Aos pouquinhos, é como se fizéssemos uma viagem no tempo. Um tempo em que o ruído de fora era o som dos animais e o barulho do vento no campo. Em que o sentido de comunidade era concreto e real. Um tempo em que a vida seguia mais de perto o ritmo das estações e os ciclos da natureza.

Agradeço aos meus sogros Ewa e Krzysztof Swajda pela companhia e pela oportunidade de visitarmos esse museu extraordinário!

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Written by Ca Amatti
Ca Amatti é arquiteta restauradora, apaixonada pelos edifícios antigos, por viagens e artes gráficas. Tem saudades do futuro, mas ama os vestígios do tempo no mundo. Atualmente reside em Varsóvia, protegendo velhos palácios e monumentos dos efeitos devastadores do tempo e do esquecimento.