Sobre o amor (ou a coragem de mergulhar em mares desconhecidos)

Amor é tudo aquilo
que eu não sabia que era,
que eu não imaginava existir
em um mesmo espaço e tempo
com a minha alma errante.
Amor é estar no mar
(banhando-se no raso mesmo),
atenta às ondas,
pulando e mergulhando
como uma nadadora experiente,
até que chega aquela onda
cheia de intensidade
que te pega desprevenida.
A onda nem é tão grande,
mas, perto de você,
parece um tsunami.
Ela quebra,
você engole água,
rodopia,
quase perde sua roupa de banho,
a clareza escapa
e a noção de direção também,
todos os seus sentidos
de alerta e perigo são acionados.
Você não sabe
o que está acontecendo.
A terra parece distante
e, a morte, próxima.
Após essa experiência avassaladora,
em que você está nu
perante aos acontecimentos da vida,
por fim, você chega à areia.
Sem fôlego,
com as pernas bambas
e a pele arrepiada,
mas viva.
Intensamente, verdadeiramente
viva.
Você chega à areia
com um sentimento de presença
que você nunca sentiu antes.
Amor é esse tsunami
em meio à rotina.
É tudo aquilo
que eu não sabia que era.
Amor é você aparecendo
de repente na minha vida,
rechaçando todas as minhas certezas e planos,
fazendo eu agradecer ao universo
pela coragem de mergulhar
em mares desconhecidos.
Amor é eu e você
coexistindo no mesmo espaço e tempo,
duas almas errantes que decidiram
aproveitar e sonhar e experimentar e sentir juntas
essa louca aventura
que é a vida.