Pintura Temperamental

A casa sem pintura pedia um pintor desesperadamente. O homem tinha muito trabalho a fazer: três quartos, três banheiros, sala, cozinha e lavanderia na parte interna. No exterior da construção, muros, paredes, telhados e portão pediam renovação.
É curioso como uma tarefa com tantas atividades não fazia o homem agir metodicamente. No primeiro dia, o pintor começou pelos muros, seguiu para o telhado, continuou com as paredes e terminou no portão. Contudo, nenhuma dessas partes da casa foi finalizada.
Os muros encontravam-se na metade do serviço. No telhado, não se notava diferença alguma, porém o pintor garantia que venceu a primeira etapa das telhas. As paredes se dividiam em duas cores: frente e fundo continham um novo tom e as laterais permaneciam com a aparência nostálgica dos anos passados. O portão ficou engraçado… Antes da pintura, ele era acinzentado. Já depois da pintura era impossível identificar a cor. Sabe-se apenas que a meta era alcançar o marrom. O pintor explicava: “Foi só a primeira mão, dona”.
No segundo dia, o mesmo método inexplicável. As mesmas tarefas inacabadas. Os quartos tornavam-se psicodélicos pela pluralidade de cores encontradas no ambiente. Misterioso. Era como se o homem se entediasse com um único tom, e precisasse de novas cores, novas aventuras para preencher sua vida (e a casa). Quando questionado pelo proprietário da casa sobre o término da pintura, ele disse: “Não sei doutor. Depende do tempo… da estação… e da minha alegria”.

Moody painting

The house without painting asked desperately for a painter. The man had a lot of work to do: three bedrooms, three bathrooms, living room, kitchen and laundry. On the exterior of the building, walls, roofs and gates demand renovation.

It is curious how a task with so many activities did not make the man act methodically. On the first day, the painter began by the walls, followed to the roof, continued with the walls and finished at the gate. However, none of these parts of the house has been finalized.

The walls were in the middle of the service. On the roof, no difference was noticed, but the painter guaranteed that he won the first stage of the tiles. The walls were divided in two colors: front and bottom contained a new tone and the sides remained with the nostalgic appearance of the past years. The gate was funny … Before the painting, he was gray. Already after the painting it was impossible to identify the color. It is only known that the goal was to achieve brown. The painter explains: “It was only the first hand, madame”.

On the second day, the same inexplicable method. The same unfinished tasks. The rooms became psychedelic because of the plurality of colors found in the places. Mysterious. It was as if the man were bored with a single tone, and needed new colors, new adventures to fill his life (and the house). When asked by the owner of the house about the end of the painting, he said: “I do not know, sir. It depends on the time… the season… and my joy”.

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Written by Gigi Eco
Gigi Eco ama aprender e faz muitas coisas ao mesmo tempo - é jornalista, fotógrafa, professora, rata de biblioteca e musicista por acidente. Ama viajar e é viciada em chás. É a escritora oficial dos cartões de Natal da família. É Doutora em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e atualmente trabalha no seu primeiro livro de poesias.