Chipre: terra do sol incandescente, de praias transparentes e cidades fantasmas
Um dos escritores favoritos da minha adolescência, J.R.R. Tolkien, já disse que sair da sua porta é um negócio perigoso. Você pisa na estrada e, se não controlar seus pés, não há como saber até onde você pode ser levado. Se alguém me dissesse há alguns anos atrás que eu iria viver na Polônia, teria achado essa ideia bastante improvável. E, no entanto, o início dessa jornada começou com uma pergunta aparentemente inofensiva: por que não?
De certa forma, foi também o que aconteceu mais recentemente. No último mês, visitei um país que achei que nunca iria conhecer – o Chipre, uma ilha localizada no extremo leste do Mar Mediterrâneo, entre a Europa, a Ásia e a África. O motivo de minha viagem foi para participar da 7ª Semana Internacional de Design, um evento acadêmico promovido pela Eastern Mediterranean University – EMU, na cidade de Famagusta. O objetivo principal do evento era mostrar como a arquitetura e o design podem propor novas soluções para uma cidade que é considerada ponto de conexão entre diversas culturas.
Famagusta tem uma história muito rica. Surgiu como cidade grega no século III a.C., sendo ocupada posteriormente por árabes, templários, pela República de Veneza, otomanos, britânicos e mais recentemente pelos turcos. Sua arquitetura apresenta vestígios de cada povo que habitou suas terras. Cidade portuária protegida por amplas muralhas e fossa, foi ponto de parada das rotas comerciais entre ocidente e oriente. Hoje Famagusta é uma vibrante cidade estudantil com uma quantidade imensa de alunos estrangeiros. Fiz amigos do Zimbábue, do Irã, do Iraque, da Turquia, da Argélia e do Turcomenistão.
Sempre me identifiquei com o pensamento de Ruskin, que escreveu muito sobre a arquitetura e como preservá-la, e também sobre como os arquitetos deveriam projetar seus edifícios pensando em como eles irão envelhecer. Em Famagusta as camadas do tempo estão todas expostas na arquitetura: em suas muralhas, em suas ruínas e edifícios abandonados, mas também nas suas transformações e sobreposições. Viajar e entrar em contato com uma nova cultura sempre expande o nosso campo de visão, abre os nossos olhos para novas realidades. Vou lembrar Famagusta como terra do sol incandescente, de praias transparentes e cidades fantasmas, e de um povo extremamente acolhedor.
Cyprus: land of glowing sun, transparent beaches and ghost cities
One of the most favourite writers of my teen years, J.R.R. Tolkien, said that going out your door is a dangerous thing. You step onto the road, and if you don’t keep your feet, there’s no knowing where you might be swept off to. If someone had told me a few years ago that I would live in Poland, I would have thought that this was very unlikely to happen. But, despite that, the beginning of this journey started with an apparently innocent question: why not to go?
The same thing happened again, though a bit more recently. A month ago I visited a country I had thought I would never go to – Cyprus, an island in the far east of the Mediterranean Sea, located between Europe, Asia and Africa. The goal of my trip was to take part in the 7thInternational Design Week, an academic event promoted by the Eastern Mediterranean University (EMU) based in the city of Famagusta. Its main objective was to show how architecture and design may offer new solutions to the city which is considered a cultural hub.
Famagusta has a rich history. It was founded as a Greek city in the 3rd century BC. It was later occupied by Arabs, Templars, the Venetian Republic, Ottomans, British and more recently by the Turks. Its architecture presents traces of all people who inhabited its lands. As a port city protected by massive walls and fossa, Famagusta was an important point in the trade route between west and east. Today it is a lively academic city with an impressive number of international students. I had a chance to meet people from Zimbabwe, Iran, Iraq, Turkey, Algeria and Turkmenistan.
The EMU campus is virtually as vast as the old town inside the walls. The urban life pulses close to the campus. On the other hand, in the old town one can have a feeling, that the historical district of Famagusta is becoming the second ghost town (second, because there is one already close to the Palm Beach). In the streets only a few elderly people – old dwellers – can be seen. Some buildings seem to have been abandoned from day to night, objects and furniture left behind. In the main streets, the urban life survives in some souvenir shops and stylish pubs placed in ancient ruins, taking advantage of its aura and mystery – a peculiar combination of glorious past and decadence. Between them, there is the famous Monks Inn, where you will be embarrassed to order drinks out loud!
I’ve always liked Ruskin’s ideas, who wrote a lot about architecture and how to preserve it, but also about how architects should project their buildings taking into account the way the material ages. In Famagusta, the layers of time are all exposed in the architecture: in the walls, in the ruins and abandoned buildings, but also in the transformations and overlaps. Travelling and being in contact with a new culture always expand our mindset and open our eyes to new realities. I will remember Famagusta as a land of glowing sun, transparent beaches and ghost cities, with extremely hospitable people.
And in this place I would like to thank all those who made this amazing experience possible for me!! I am very grateful for the invitation and financial support from prof. Tomasz Jeleński and for the pleasant company of the polish delegation: Iwetta Soisa, Marta Cygan, Patrycja Sołtysik, Angelika Kasprzyk i Maciej Kałwak. I am also very thankful for the warm welcome from prof. Ozgur Dincyurek and the students Melek Ozbay, Ceren Ay, Sena Balaban, Taner Sabirsiz, Orkun Ahmet Bol e Anil Zeybek, Batuhan Azmi Bozbey. I’d like to also thank prof. Gracia López Patiño for sharing her knowledge with us in the workshop Enjoying Industry, Artun Balci and, especially, Aryana Abbasian for the great team work.